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terça-feira, 26 de abril de 2016

Comida, a tradição por um fio.

A comida é um elemento muito importante e que define a identidade regional, a partir dela podemos ter ideia da cultura de determinado local e compreender seus costumes. Por exemplo, as receitas podem percorrer muitas gerações e, muitas vezes, se mantém intactas, carregando assim muitas histórias.
A culinária foi ganhando espaço e pratos locais passaram a ser conhecidos por outras regiões e, assim, utilizados como referência àquele local de onde foi originado. Esse processo levou-nos à culinária e suas tradições como “comida típica”, e passou a ser item fundamental no turismo, já que quando se pensa em visitar um local associamos quase que instantaneamente a sua cozinha e seus pratos típicos. Graças a sua importância, muitos países já possuem reconhecimento e proteção da culinária pela UNESCO, sendo considerada como Patrimônio Cultural Imaterial.
Segundo a UNESCO (2003) “O Patrimônio Cultural Imaterial ou Intangível compreende as expressões de vida e tradições que comunidades, grupos e indivíduos em todas as partes do mundo recebem de seus ancestrais e passam seus conhecimentos a seus descendentes”.
A comida mexicana já está inserida na lista de Patrimônio Imaterial da UNESCO, com sua culinária à base de milho e com sabor picante, com pratos muito conhecidos, como os burritos, nachos, guaca mole e os tacos.
Alguns outros países também têm esse título, como a Itália, reconhecida por suas massas; a França, pela elegante combinação de seus pratos; o Japão, com culinária a base de arroz e peixe, dentre outros.

No Brasil, apesar de termos um grande leque de comidas típicas, ainda não possuímos reconhecimento como patrimônio imaterial.



Vale ressaltar que na maioria das vezes a comida nos relembra laços familiares, como a comida materna, ou das avós e tias. Basta lembrarmos de frases clássicas como “Nada como comida de mãe” ou “O Bolo da vovó”, por exemplo. Temos essa referência pelo fato de que a mulher ainda é quem mais tem contato com a alimentação, principalmente dos filhos.
Nas gerações passadas o momento das refeições ficou bem marcado, quando as pessoas comiam comida caseira, feitas em casa, que possuíam um tempero familiar, receitas passadas por gerações de sua família, com características próprias.
Atualmente esse tipo de alimentação tem sido ameaçado. As pessoas andam mais ocupadas e, como cozinhar demanda tempo, acabam optando por alimentos práticos e instantâneos, como lasanhas industrializadas, macarrão instantâneo, e uma variedade de outros produtos. Diante desse cenário, as indústrias alimentícias adotam formas de relacionar a imagem de alimentação caseira aos seus produtos, para persuadir as pessoas na hora da compra. As propagandas fazem o produto parecer caseiro e artesanal, nos passando a imagem familiar de carinho e cuidado com a fabricação do produto e incentivando ainda mais seu consumo. Comerciais trazem a ideia de sabor e emoção ligada ao alimento, mostram imagens de familiares ao redor da mesa e grupos de pessoas felizes ingerindo o produto oferecido.
Essa prática tem tomado cada vez mais espaço, e aos poucos os “velhos costumes” culinários podem ser deixados de lado. Uma família onde os pais não têm a oportunidade de se preocupar com a alimentação, e a comida é, em grande parte, comprada para ser consumida rapidamente, não terá o “legado culinário” para passar para seus filhos e netos. Provavelmente, na alimentação destes também estarão presentes os alimentos práticos e, assim, isso vai se perpetuando pelas gerações, enfraquecendo uma cultura tão rica e importante: a da “comida caseira”, essencial para a identidade de um povo.

QUESTÃO PARA DEBATE:
Você acha que a comida pode ser vista como um patrimônio cultural?
Refletindo sobre seu tipo de alimentação, acha que poderia contribuir para o processo de disseminação cultural da sua culinária familiar ou regional?



REFERENCIAS:

BARROCO, Lize. A importância da gastronomia como patrimônio cultural, no turismo baiano. Disponível em: <http://www.obsturpr.ufpr.br/artigos/alimbeb1.pdf> Acesso em: 22 de Abril de 2016.
ENVOLVERDE, Abril de 2015. Comida, Patrimônio ameaçado. Disponivel em: <http://www.envolverde.com.br/1-1-canais/bem-estar/comida-patrimonio-ameacado/> Acesso em 22 de Abril de 2016.
TEIA ORGANICA. Comida, patrimônio ou negocio? Disponível em: <http://teiaorganica.com.br/blog/comida-patrimonio-ou-negocio/> Acesso em 23 de Abril de 2016.
PARANÁ GOVERNO DO ESTADO, Setembro de 2015. Comida, pratrimonio ou negocio?. Disponível em: <http://www.filosofia.seed.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=606> Acesso em 23 de Abril de 2016.
CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, Outubro de 2015. Fórum lança exposição: Comida é patrimônio. Disponível em: <http://www.cfn.org.br/index.php/forum-lanca-exposicao-comida-e-patrimonio/> Acesso em 23 de Abril de 2016.
DIAS, Juliana. OUTRAS PALAVRAS, Junho de 2015. Comida, patrimônio ou negocio?. Disponível em: <http://outraspalavras.net/brasil/comida-patrimonio-ou-negocio/> Acesso em 23 de Abril de 2016.

SIGA COM SAUDE, Fevereiro 2016. Alimentos industrializados duram mais – Seus prejuízos também. Disponível em: <http://sigacomsaude.com.br/2016/02/alimentos-industrializados-duram-mais-seus-prejuizos-tambem/> Acesso em: 13 de Abril de 2016.

NASHI, fonte UNESCO. Comida Japonesa, Patrimonio Cultural da Humanidade. Disponivel em <http://www.restaurantenashi.com.br/comida-japonesa-patrimonio-cultural-da-humanidade/> Acesso em 13 de Abril de 2016.

TERRA, Culinária mexicana é patrimônio cultural da humanidade. Disponível em: <http://vidaeestilo.terra.com.br/turismo/turismo-de-negocios/cidade-do-mexico/culinaria-mexicana-e-patrimonio-cultural-da-humanidade,85f50bc99435b310VgnVCM4000009bcceb0aRCRD.html> Acesso em 13 de Abril de 2016.

DIAS, Juliana. MALAGUETA, Comida é Patrimônio. Disponível em: <http://www.malaguetanews.com.br/destaques/comida-e-patrimonio> Acesso em 13 de Abril de 2016
UNESCO, Patrimônio Cultural Imaterial. Disponível em: <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/world-heritage/intangible-heritage/> Acesso em: 25 de Abril de 2016.




AUTORIA:

Jacykaysla Pacheco da Silva - Bacharelado em Ciencias Biologicas/UFRJ - PIBEX

segunda-feira, 18 de abril de 2016

#OCUPATUDO O que está acontecendo com as escolas Rio de Janeiro?

Os estudantes da rede estadual estão ocupando as escolas do Rio de Janeiro, desde o dia 21 de março. A primeira escola do Rio de Janeiro foi ocupada pelos estudantes do Colégio Estadual Mendes de Moraes, na Ilha do Governador. Ao longo do mês até o dia 14 de abril deste ano, 34 escolas já haviam sido ocupadas. Os estudantes que estão nessas ocupações lutam por melhorias na merenda escolar e na infraestrutura das escolas, além disso, apoiam a greve dos professores  pelo pagamento do salário atrasado e melhores condições de trabalho, lutam  também contra os cortes de verbas que ocorreram na educação estadual. Mas será que essas ocupações, manifestações e reivindicações irão atingir seus objetivos?
                                       Foto: Revista Exame (exame.abril.com.br).
Para os alunos que já estavam indignados com o descaso pela educação, pela falta  de equipamentos nas escolas e condições de trabalho dos professores  e de estudo para os alunos, com o apoio de professores, decidiram radicalizar ocupando as escolas, para que a sua voz seja, enfim, ouvida. Os alunos organizados no movimento #ocupatudo fizeram pautas internas de reivindicações, mas também elaboraram pauta coletiva para todos que ingressarem no movimento. Destacamos pontos da pauta coletiva:

*Eleição direta para diretor em cada escola;
* Passagens ilimitadas no RIOCARD, não mais passagens limitadas a ida e volta por dia;
*Provas feitas pelos professores e não pelo Sistema de Avaliação da Educação do Estado do Rio de Janeiro (SAERJ), que é uma empresa terceirizada;
*Apoiam também a pauta dos professores em greve, que exigem, por exemplo, solucionar os atrasos no calendário de pagamentos dos salários e acabar com os ataques ao regime previdenciário (SEPE, 2016).
                                                                            Foto: SEPE (http://seperj.org.br/)


Nessa ocupação, são realizadas atividades nas escolas pelos próprios alunos, entre elas: pré-vestibular, grandes aulas públicas, com temas como história, sociologia, e ainda, debates para discutir os reais problemas da sociedade a partir de temas atuais.
Segundo a professora do Colégio Estadual Herbert de Souza, no Rio Comprido:

“A ocupação visa a alertar o governo sobre a situação de descaso que vive o ensino estadual. Eu apoio porque é necessário trazer os olhos do Estado para a nossa situação. Não queremos tumultuar, nem fazer nada de errado. Pelo contrário, estamos lutando por uma educação de qualidade”, afirmou.

Foto: midiacoletiva.org

Já o representante da Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro (SEERJ), Caio Lima, após uma reunião com alunos do Colégio Mendes, se posicionou dessa forma:

“Um colégio com, aproximadamente, 2,3 mil alunos não pode ficar refém de um grupo de 100 estudantes. São muitos jovens que estão perdendo seu ano letivo, perdendo oportunidades, etc., alunos que estão sendo mortos a longo prazo, no que se refere ao aspecto educacional. Gerações que são perdidas por conta de uma postura intransigente da parte deles”.

Aluno do 3° ano do ensino médio do Colégio Mendes, Alessandro Ribeiro rebateu as declarações do representante da SEERJ de que há abertura de diálogo no órgão. O estudante ressaltou que os alunos estão sendo prejudicados não pela ocupação, mas sim pela qualidade do ensino estadual.



Pergunta para debate:


Qual o seu posicionamento sobre essa ocupação? Leve em consideração aspectos como melhoria da escola, necessidade de mais recursos para a educação pública e em contrapartida, alunos sem aulas.




Bibliografia:

AGÊNCIA BRASIL. Cresce para 20 o número de escolas ocupadas no RJ. Disponível em: http://www.vermelho.org.br/noticia/279059-1. Acesso feito em: 17de abril de 2016
AGÊNCIA BRASIL. Ocupação de escolas tira direito da maioria de estudar, diz governo do Rio. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-04/ocupacao-de-escolas-tira-direito-da-maioria-de-estudar-diz-governo-do-rio. Acesso feito em: 17 de abril de 2016.
BOLETIM DO SEPE. Audiência com a SEEDUC: veja as respostas do secretário Antonio Netto.   Disponível em:  http://seperj.org.br/admin/fotos/boletim/boletim716.pdf. Acesso feito em: 17de abril de 2016
LINS, ARTUR. Primeira Escola Ocupada do Rio de Janeiro, a faísca contra o ajuste do Pezão. Disponível em: http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-04/ocupacao-de-escolas-tira-direito-da-maioria-de-estudar-diz-governo-do-rio. Acesso feito em : 17de abril de 2016
MIDIA COLETIVA. O impressionante cotidiano de uma escola ocupada no Rio de Janeiro. Disponível em: http://midiacoletiva.org/o-impressionante-cotidiano-de-uma-escola-ocupada-no-rio-de-janeiro-2/. Acesso feito em: 17de abril de 2016.



Veja: COLETIVA DE IMPRENSA OCUPA MENDES




                                                                  

Autoria: Juliana Lima de Asevedo / Licencianda em Ciências Biológicas UFRJ/ Bolsista PIBEX





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